19 de dez. de 2010

Discurso aos formandos 2010

Bom, este ano tive a alegria de ser escolhido patrono da 3ª série III da Escola de Ensino Básico M. Gregório Locks.
Pois bem, para a cerimônia de formatura preparei este discurso, entretanto, devido ao tamanho final dele preferi dividir um otro texto, menor e mais simples, com as professoras Terezinha e Ângela, patronesses das outras duas turmas de formandos.
Apesar disso gostaria muito que essas palavras que escrevi chegassem até meus alunos, é uma forma de homenagem e reconhecimento pelos momentos maravilhosos que tive esse ano com eles. Então, pra quem quiser, ai vai:

Boa noite a todos, especialmente aos meus colegas professores e mais especialmente ainda aos meus queridos alunos afilhados da terceira série três.
Meus queridos! Depois de um ano cumprimentando vocês dessa maneira não seria agora, na formatura, que eu deixaria de fazer!
Confesso que no início eu dizia “boa noite meus queridos” apenas para ser diferente, talvez engraçado. Entretanto, aos poucos, o sentido dessa pequena frase foi se alterando pra mim e eu passei a entender a importância dessas duas pequenas palavras: meus queridos. Elas significam bem querer, e é exatamente isso o que eu sinto por todos vocês, um enorme bem querer!
É verdade que um professor deve sentir tal coisa por todos os seus alunos, mas mesmo assim, sempre tem aquela turma onde as coisas parecem que acontecem de uma maneira mais fácil, aonde se aprende mais e aonde se fala mais besteira também, aquela turma aonde a relação professor e aluno se dá de uma maneira mais próxima porém sempre respeitosa e saudável. Pra mim, assim foi a terceira três esse ano.
O poeta Vinicius de Moraes dizia que a vida é a arte do encontro. Gosto de pensar a vida desse jeito, como um encontro. O encontro do homem com uma mulher, com um amigo, com o amor, com a felicidade, com a tristeza, enfim, com tudo e todos. Gosto de pensar desta maneira pois encarar as coisas como um encontro pressupõe que elas terão um fim, mas mesmo assim serão lembradas, como todos os bons encontros o são.
Mas agora falando sobre nós, como foi esse nosso encontro? O que vai ser lembrado?
Engraçado é que ainda me recordo da primeira vez que coloquei os pés na sala 14 durante a noite. Na minha cabeça, passavam vários flashes, lembrava do que várias pessoas haviam falado sobre a 3ª 3: é uma turma boa, mas é grande, vai ser difícil trabalhar. Eles são muito agitados porque a turma é enorme. Não mostra os dentes quando entrares lá, senão tais perdido. E coisas do tipo. Agora imaginem, eu, 22 anos, recém-formado, nunca havia assumido de fato uma turma de ensino médio, entrando numa sala de aula, período noturno pela primeira vez... E pra ajudar, assim que boto o primeiro pé na sala de aula, escuto vindo de um bolo de alunos que se encontrava em pé a minha espera a empolgante frase: “olha ali ó, mais um aluno novo chegando”. Ou seja, minha moral estava boa pra caramba! Mas enfim, não me entreguei, ainda que tentando disfarçar a tremedeira e a voz exitante, tirei forças não sei da onde e comecei a dar a minha aula, depois de cinco ou dez minutos eu já quase era eu mesmo, e então a coisa foi.
A coisa foi de tal maneira que passado um mês, talvez um pouquinho mais, não sei bem como, a turma de vocês passou a ser uma das que eu me sentia mais a vontade lecionando, uma das turmas onde as aulas eram as mais empolgadas, onde saiam as maiores bobeiras e mesmo assim aonde o aprendizado se deu de maneira bastante intensa. E o melhor é que esse aprendizado não foi só da parte de vocês alunos, vocês não tem noção do quanto também me ensinaram esse ano! Nessa sala conheci pessoas incríveis com as quais vivi momentos muito bons tanto na escola como fora dela. Como esquecer dos barzinhos após a aula, das pizzas, das festas, das conversas, das piadas, de todos nossos encontros. Podem ter certeza que em mim todos esses momentos ficarão eternizados na lembrança desse nosso encontro tão feliz. E eu acredito que pela escolha que fizeram para patrono esse sentimento será recíproco!
Aliás, falando sobre a escolha para patrono, quero dizer que fiquei muito lisongeado quando soube que vocês haviam me escolhido para tal, confesso que essa foi uma das minhas grandes alegrias esse ano. E já que me escolheram chegou a hora de eu falar algumas coisas sobre o futuro, não que eu tenha muita experiência para dar conselhos, mas mesmo assim ai vai:
Meus queridos, como eu os quero bem, eu desejo profundamente que nos encontros que a vida proporcionar a todos vocês, que não se esqueçam daquilo que é fundamental em todas as pessoas, o amor. Pode parecer clichê e até piegas eu falar isso num discurso de formatura, mas acredito que é importante, sempre que possível nos lembrarmos disso: é o amor que faz a vida valer a pena.
Não estou falando aqui de um amor bobo, desses passageiros e frágeis ou exagerados como nos aparecem nos filmes da sessão da tarde. Falo sim daquele amor que emana de dentro de todos os seres e que dá ânimo de continuarmos vivos. Falo do amor que nos move a realizar nossos sonhos e a conquistar nossos objetivos. Do amor que nos une a uma mulher ou a um homem, a um amigo. Do amor quase sagrado por nossa família. Falo daquele amor verdadeiro, simples, belo e profundo.
Queridos, eu desejo sinceramente que todos vocês amem. Desejo que sintam um profundo amor por sua profissão, seja qual for a que escolherem seguir, assim o trabalho não será uma obrigação entediante, mas sim uma satisfação engrandecedora. Desejo que amem eternamente seus pais, assim suas ações e aquilo que eles lhes disserem não serão ordens, mas sim conselhos de quem os quer bem. Desejo que amem profundamente seus companheiros, assim o relacionamento não será uma simples satisfação de vaidades, deste modo o casal será casal de fato, cheio de compreensão, carinho e afeto. Desejo que amem profundamente o próximo, mesmo que isso possa parecer difícil muitas vezes (e é difícil mesmo), mas assim injustiças serão evitadas, assim pré-conceitos serão esquecidos e assim esse mundo cada vez mais técnico, robótico e frio se tornará mais humano, carinhoso e acolhedor. Desejo, que todos amem profundamente a si próprios, o suficiente para não se entregarem a caminhos fáceis mas que tenham finais trágicos, o suficiente para perceberem que cada um de vocês é responsável pela própria felicidade e pelas próprias escolhas, o suficiente para não entregarem suas vidas ao vazio. Desejo que vocês amem profundamente seus sonhos, o suficiente para ter coragem de levantar quando algo não dá certo e tentar denovo, o suficiente para querer sempre mais, o suficiente para alcançar coisas novas e grandes. Desejo que vocês amem profundamente a si próprios e ao mundo para perceber que essa vida é uma só, e que todos nós merecemos ser muito felizes nela.
Pode parecer sonho, discurso utópico, furado, barato. Mas é nisso que eu acredito. E desejo que vocês possam ser semeadores dessa ideia daqui pra frente. Aliás, desejo não, é uma ordem, já que me escolheram como patrono!

Meus queridos, 2010 ficará marcado para sempre em minha memória, cada um de vocês faz parte dele, muito obrigado por tudo, de coração.
Meus queridos, agora a noite é nossa e o mundo é de vocês: encham ele de amor, sonhos e felicidade.
Muito Obrigado!

20 de out. de 2010

3ª série - O Governo de Hitler (3ª parte - II Guerra)

 texto extraído do site: http://www.brasilescola.com/historiag/hitler.htm

[...]Adotando uma teoria de cunho racista, Hitler dizia que o povo alemão era descendente da raça ariana, destinada a empreender a construção de uma nação forte e próspera. Para isso deveriam vetar a diversidade étnica em seu território, que perderia suas forças produtivas para raças descomprometidas com os arianos.

No campo político, o partido de Hitler era contrário à definição de um regime político pluripartidário. A diferença ideológica dos partidos somente serviu para a desunião de uma nação que deveria estar engajada em ideais maiores. Dessa forma, as liberdades democráticas eram vetadas em favor de um único partido liderado por uma única autoridade (no caso, Hitler), que estaria comprometido com a constituição de uma nação soberana. Entre outras coisas, Hitler defendia a construção de um “espaço vital” necessário para a nação ariana cumprir seu destino.

O ideário nazista, prometendo prosperidade e o fim da miséria do povo alemão, alcançou grande popularidade com a crise de 1929. Os nazistas organizavam grandes manifestações públicas onde o ataque aos judeus, marxista, comunistas e democratas eram sistematicamente criticados. Prometendo trabalho e o fim das imposições do Tratado de Versalhes, os nazistas pareciam prometer ao povo alemão tudo que ele mais precisava. Em pouco tempo, grupos empresariais financiaram o Partido Nazista.

No início da década de 1930, o partido tinha alcançado uma vitória expressiva que se manifestou na presença predominante de deputados nazistas, ocupando as cadeiras do Poder Legislativo alemão. No ano de 1932, Hitler perdeu as eleições presidenciais para o marechal Hindenburg. No ano seguinte, não suportando as pressões da crise econômica alemã, o presidente convocou Hilter para ocupar a cadeira de chanceler. Em pouco tempo, Hitler conseguiu empreender sucessivos golpes políticos que lhe deram o controle absoluto da Alemanha.

Depois de aniquilar dissidentes no interior do partido, na chamada Noite dos Longos Punhais, Hitler começou a colocar em prática o conjunto de medidas defendidas por ele e o partido nazista. Organizando várias intervenções na economia, com os chamados Planos Quadrienais, Hitler conseguiu ampliar as frentes de trabalho e reaquecer a indústria alemã. A rápida ascensão econômica veio seguida pela ampliação das matérias primas e dos mercados consumidores. Foi nesse momento que a teoria do Espaço Vital fora colocada em prática.

Hitler, tornando-se um grande líder carismático e ardoroso estrategista, impôs à Europa as necessidades do Estado nazista. Depois de exigir o domínio da região dos Sudetos e assinar acordos de não-agressão com os russos, o governo nazista tinha condições plenas de por em prática seu grande projeto expansionista. Com o início da Segunda Guerra, Hitler obteve grandes vitórias que pareciam lhe garantir o controle de um amplo território, suas profecias pareciam se cumprir.

Somente após a invasão à Rússia e a entrada dos EUA no conflito, a dominação das forças nazistas pôde ser revertida. A vitória dos Aliados entre 1943 e 1944 colocou Hitler em uma situação extremamente penosa. Resistindo à derrota, Hitler resolveu se refugiar em seu bunker, em Berlim. Himmler, um dos generais da alta cúpula nazista, tentou assinar um termo de rendição sem o consentimento de Adolf Hitler. O acordo foi rejeitado pelos Aliados, que continuaram a atacar as tropas alemãs.

Indignado, Hilter resolveu substituir Himmler pelo comandante Hermann Gering, que logo pediu para assumir o governo alemão. Irritado com seus comandados, em um último ato, Hilter nomeou Karl Doenitz como presidente da Alemanha e Joseph Goebbeles, chanceler. Em 30 de abril de 1945, sem oferecer nenhum tipo de resistência militar, Goebbeles, Hitler e sua esposa, Eva Braun, suicidaram-se.

18 de out. de 2010

3ª série - Tomada de poder dos partidos fascistas (2ª Parte - II Guerra)


As esperanças de dias melhores foram depositadas nos partidos de extrema esquerda e direita. Os partidos de esquerda que tomaram força nesta época são os de orientação socialista e anarquista. A maioria dos seguidores destes partidos pertenciam as classes populares. Já as classes médias e as elites precisavam de outra tendência política que não colocasse em cheque seus bens materiais e seu poder, foi ai que os movimentos de extrema-direita ganham força e importância.

Na Itália e Alemanha surgem partidos fascistas compostos por ex-militares, profissionais liberais e estudantes, na maioria desempregados. Neste processo as elites utilizaram as classes médias como “massa de manobra”, convencendo-as a engrossar as fileiras do partido Fasista. O partido fascista, tanto na Itália quanto Alemanha, tinha uma doutrina baseada na concentração de poder em torno do Estado. As principais características dele podem ser consideradas o Nacionalismo (valorização extrema da ideia de nação), Totalitarismo (poder total ao partido), Liderança carismática, Corporativismo (estado comandando todas as ações das corporações), militarismo e expansionismo (ideia fixa de aumentar o território e expandir o governo).

Foi divulgada a ideia de que com um poder rígido, centralizado no Estado, o governo poderia reerguer os países das crises que enfrentavam. O fascismo ergueu-se através de um discurso de apelo popular, que considerava humilhante a situação política e social enfrentada pela Itália e Alemanha.

Na Itália, Benito Mussolini liderava o partido da extrema-direita. Naquele país a esquerda estava dividida em vários partidos, o que acabava por enfraquecer sua força. Portanto o partido fascista toma ações para fortalecer-se. Estas ações estavam baseadas na propaganda e no medo provocado através de atentados e ações milicianas financiadas pelas grandes indústrias e bancos.

Além de todas estas ações Musssolini tinha estreitas relações com o Rei da Itália, rei este que permitiu por um acordo a tomada de poder pelo partido fascista num golpe que ficou conhecido como a “Marcha sobre Roma”.

Já na Alemanha a tomada do poder pelo Fascismo foi um pouco mais complicada.

Aquele país encontrava-se sob o governo da República de Weimar que como vimos administrava um país em crise. O partido nacional-socialista (de orientações fascistas), liderado pelo marechal Lundendorf e Adolf Hitler tenta dar um golpe de estado no ano de 1923, golpe este que foi frustrado: o partido ainda não possuia força o suficiente para se manter no poder.

O saldo do golpe foi a prisão de Hitler, que foi condenado a cinco anos de prisão (sendo que desses cinco anos ele cumpriu apenas 8 meses). Encarcerado o líder político escreveu um livro que acabou por ser a bíblia do sistema política que iria desenvolver na Alemanha, o Nazismo, o livro foi nomeado de Mein Kampf (Minha Luta).

Além da prisão do comandante o golpe trouxe preocupações para os países vitoriosos na Primeira Guerra, principalemtne aos Estados Unidos, que emprestraram grande quantia em dinheiro para a reconstrução da Alemanha. A ideia é simples: emprestar dinheiro para que a economia desenvolva-se, a população sinta-se satisfeita e os golpes totalitários e extremistas desapareçam. Ideia simples e que funcionou, o país teve um período de franco desenvolvimento e prosperidade, parecia a quase todos os alemães que as coisas realmente haviam mudado.

Entretanto não se esperava o colapso mundial ocorrido em 1929, as bolsas de valores do mundo inteiro despencam, e a crise que antes era apenas sentida na Europa, espalha-se pelo mundo inteiro, fazendo com que o dinheiro não chegasse mais a Alemanha e a crise tão temida voltasse a assolar o país. Tal situação foi um prato cheio para o partido Nacional-socialista ou Nazista. O partido assume-se como defensor da ordem contra o “terror vermelho” (partidos comunistas) e recebem o apoio das classes médias e com o tepmo a cumplicidade das autoridades. Quanto mais o desemprego e a crise se alastravam pela Alemanha, mais o movimento de Hitler tomava força. Nas eleições de 1932, os Nazistas não recebem a maioria de votos, mas pela pressão que os golpes e atentados fizeram, por toda a propaganda e crescimento do partido, em 1933 Hitler é convidado pelo presidente Hindenburg a ser o chanceler da Alemanha. No poder, Hitler levou menos de dois anos para se tornar o senhor absoluto do governo, abolindo todos os direitos fundamentais de associação, opinião e locomoção garantidos pela Constituição de Weimar.

Em 1934 o presidente Hindenburg falece, desse modo Hitler assume os poderes da presidência e de cara mostra as suas intenções: decreta a caça aos comunistas, fecha os sindicatos e partidos políticos, a imprensa é calada, os socialistas ou sindicalistas são mortos ou exilados e o direito de greve proibido.

Os judeus tem decretada sua incapacidade legal permanente, tornando-se alvos de perseuições de toda ordem. Outras leis raciais são impostas mais tarde, mas ai estaomos entrando no assunto do próximo texto: O governo de Hitler e a perseguição aos incapacitados.

3ª série - Antecedentes da II Guerra Mundial (1ª parte II Guerra)




Com certeza a II Guerra Mundial é um dos eventos históricos que mais causam fascínio sobre as pessoas. Por toda a destruição que ela causou, por conta do conflito ter dimensões jamais vistas pela humanidade, a mídia e os historiadores exploraram e ainda exploram o tema a exaustão.

Quantos filmes Hollywood já produziu sobre a guerra? Quantos livros, revistas, matérias em jornais? Quantos sites já foram publicados sobre o tema? Quantas horas professores de história passaram falando aos seus alunos sobre Hitler, batalhas, fascismo e tantas outras coisas?

Tudo isto contribui para tornar a guerra um tema muito caro para muita gente. Entretanto, apesar de toda esta produção, a discussão que a mídia elabora em torno do tema é geralmente muito rasa. Mmuito pouco se fala sobre as causas da guerra, muito pouco se discute questões centrais e que são de extrema importância ainda nos dias atuais. Portanto, este é meu humilde e difícil objetivo aqui, levantar alguns pontos centrais de discussão a respeito da II Guerra para que o entendimento do tema se dê de uma maneira mais ampla e significativa. Assim sendo, vamos lá!



Inicialmente devo considerar que alguns historiadores, entre eles o grande Eric Hobsbawn, consideram que não houveram duas guerras, e sim, apenas uma grande guerra com dois períodos de conflitos (1914-1918 e 1939-1945). Tal consideração se deve ao fato dos termos que fizeram parte do Tratado de Versalhes¹ darem condições para que a II Guerra aconteça. As penalizações que a Alemanha sofreu fizeram com que surgisse um sentimento de revanche na população, sentimento este que foi muito bem manipulado politicamente, como veremos adiante.

Com o fim da I Guerra, em 1918 a Europa inicia uma fase de profunda crise. Todos os países que se envolveram na guerra sofrem vários danos e tem que se reconstruir. Até então nunca a humanidade havia assistido a um conflito daquelas proporções. Muitos dos soldados que se alistaram em 1914 esperavam que as batalhas durassem poucos meses, talvez semanas. Jamais se pensou que tantas mortes e destruição pudessem ocorrer. Ao contrário do que todos imaginavam as destruições e mortes ocorreram causando um profundo abalo nos ânimos e economia européias.
Os países que mais sofreram este abalo foram os envolvidos na Tríplice Aliança, e entre eles, principalmente a Alemanha, que foi culpabilizada pelo início da guerra. Historicamente a Alemanha já era um país atrasado devido a sua unificação tardia e ao atraso na corrida imperialista (temas já estudados). Além deste atraso “histórico”, foi imposto a Alemanha a instauração de uma república após o fim dos conflitos, este novo governo ficou conhecido como Reública de Weimar.

A administração da Alemanha não era tarefa fácil, era preciso reconstruir o país e pagar todas as indenizações aos países vitoriosos que ficaram estabelecidas no Tratado de Versalhes. Além disto era necessário esmagar as facções extremistas de direita e esquerda que faziam sucessivos atentados.

A Alemanha se vê imersa numa crise política e econômica que encontra seu auge em 1923, quando tropas franco-belgas invadem o vale do Ruhr com a intenção de garantir o fornecimento de carvão, considerado uma dívida de guerra. A economia entra em colapso, a inflação foge ao controle, os preços subiam vertiginosamente. A mudança de valor da moeda era tamanha que os trabalhadores (aqueles que ainda não haviam perdido seus empregos) tratavam de gastar todo o seu salário no dia que recebiam, pois se esperassem apenas um dia a moeda já iria desvalorizar.

Situação parecida poderia ser observada na Itália, país tardiamente unificado e atrasado na corrida imperialista, possuia uma economia frágil. O Norte do país, capitalista e industrial sustentava todo o resto, que ainda possuia uma economia eminentemente agrária e feudal. Com o fim da guerra e dos auxílios financeiros dos aliados a moeda italiana desvaloriza em mais de 75%. Além disto graves problemas de desemprego, alta de preços, abastecimento e moradia que atingem grande parte da população, dão a possibilidade de que aconteçam várias greves, rebeliões e ocupações de fábricas.

Alemanha e Itália estão imersas em crises, a população dos dois países busca por soluções, busca por esperança de um futuro melhor. Essa busca pode ser observada também nos outros países da Europa. As pessoas não confiam mais nos governos que as levaram a guerra, alternativas são buscadas. Nesse contexto podemos perceber nas eleições em toda a Europa votos esperançosos para partidos de extrema direita e esquerda.

A solução precisava vir logo. A esperança de dias melhores de toda a população precisava deixar de ser apenas vontade e virar realidade. E foi o que aonteceu, como veremos adiante.





Notas:
¹ O Tratado de Versalhes foi imposto pelos países vitoriosos na I Guerra, em 1919, aos países da tríplice aliança. Neste tratado ficaram estabelecidas sérias restrições à Alemanha, como: Diminuição de território, proibição de manter exército com mais de 100000 homens, instalação da República, domínio de várias fontes de matéria-prima e indústrias alemãs por parte do capital estrangeiro, entre outros.

28 de jul. de 2010

2ª Série - As luzes da razão



Durante o século XVIII o mundo vivenciou uma onda de convlusões populares que deram novo significado a palavra "revolução". O principal responsável por este feito foi aquele evento conhecido como Revolução Francesa, que na onda dos protestos burgueses surgidos na Inglaterra fez a França e grande parte da Europa saírem do Absolutismo e entrarem na República. Neste post vamos conhecer a situação dos países na época absolutista e também estudaremos a nova forma de conceber o mundo que deu origem às revoluções, conhecida como Iluminismo.

ANTIGO REGIME
Estrutura política, econômica e social de alguns estados europeus que inicia a partir do século XI e vai até o séculoXVIII. No antigo regime o poder é concentrado nas mãos de um rei que tem poderes ilimitados sobre seus domínios e dominados, esse poder é legitimado pela tradição religiosa que considera os reis como “ministros de Deus, instrumentos pelos quais a vontade divina seria realizada”.

  • Política: Reis absolutistas, poder centralizado em um governante aristocrático legitimado pela tradição católica.
  • Sociedade: Estamental. Posição social definida pelo lugar de nascença.
  • Economia: Mercantil. Baseada no privilégio e monopólio. O rei concedia o privilégio a um empreendedor para monopolizar sua área de negócios.


  • 1º Estado - Clero
  • 2º Estado – Nobreza Leiga
  • 3º Estado – Burguesia e o resto da população


ILUMINISMO
Século XVIII. Em meio a uma sociedade baseada em princípios religiosos e aristocráticos que acabavam por limitar as ações de qualquer pessoa, surge um movimento filosófico baseado na razão, que critica e questiona os pressupostos da sociedade do Antigo Regime.
Os iluministas combatiam o absolutismo dos reis, os privilégios da nobreza e do clero, a imposição religiosa e as práticas mercantilistas. Como substituição a tudo isso com o passar do tempo foram sendo desenvolvidas alternativas: era proposto um governo com poderes limitados, baseado na igualdade de direitos civis, na liberdade de culto e de expressão e na liberdade econômica. Defendiam ainda que o governante estivesse submetido a uma constituição capaz de garantir, além dos direitos individuais de cada cidadão a divisão do poder em três esferas autônomas: executiva, legislativa e judiciária.

Principais iluministas:
Voltaire (1694-1778): Defendia a liberdade de pensamento e de religião, bem como a igualdade perante a lei. Crítico dos privilégios sociais, Voltaire ficou conhecido como o “filósofo burguês”. Fez críticas severas à Igreja e ao absolutismo de direito divino, propondo a participação da burguesia esclarecida no governo. Foi principalmente com base nas idéias de Voltaire que alguns monarcas implantaram reformas em seus governos. Ficaram conhecidos como déspotas esclarecidos.
Montesquieu (1689-1755): Afirmava que só o poder pode controlar o poder. Em sua obra “O Espírito das Leis” (1748) escreveu: “É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder”. Foi com base nesse princípio, para que não houvesse acúmulo de poderes nas mãos do governante, que ele defendeu a divisão do poder político em três setores autônomos que se controlassem mutuamente: Legislativo (composto por representantes da população e que faz as leis), Executivo (encarregado de executar essas leis e administrar os negócios públicos) e Judiciário (que asseguraria a aplicação das leis). A proposta de organização do poder política formulada por Montesquieu corresponde à forma pela qual se estrutura o sistema político nas democracias modernas.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): Foi o mais radical e popular dos iluministas. Escreveu várias obras, entre as quais se destacam: Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens, Emílio e O contrato social. Na primeira, critica a propriedade privada, que é, segundo ele, uma das raízes da infelicidade humana: ela “arranca o homem de seu doce contato com a natureza”, acabando com a igualdade existente na natureza. Em O contrato social, desenvolveu a idéia de um Estado democrático que garante a igualdade de direitos para todos.

ARTE E HISTÓRIA
O pintor Johann Heinrich Füssli (1741-1825), em sua obra O Pesadelo (1822), retrata uma frase que ficou famosa no meio Iluminista: "O sono da razão produz monstros".
No quadro abaixo temos uma mulher adormecida. Esta mulher simboliza a razão, iluminada pelas luzes da filosofia iluminista. Quando a razão adormece, os monstros surgem. Acima dela temos um duende, figura que aterrorizava as mentes medievais e um cavalo de olhar demoníaco. Tais monstros simbolizam toda a superstição e misticismo que envolvia o pensamento medieval segundo o autor.



Teste seu conhecimento:


I - Muitas das idéias propostas pelos filósofos iluministas são, hoje, elementos essenciais da identidade da sociedade ocidental.
II - O pensamento iluminista caracterizou-se pela ênfase conferida à razão, entendida como inerente à condição humana.
III - Diversos pensadores iluministas conferiram uma importância central à educação enquanto instrumento promotor da civilização.
IV - A filosofia iluminista proclamou a liberdade como direito incontestável de todo ser humano.

Assinale:
(A) se apenas a afirmativa II estiver correta.
(B) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas.
(C) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
(D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Vestibular PUC-RIO 11/12/2001

28 de mai. de 2010

Acabando com a decoreba!



Bom, por eu ser professor de História é óbvio que amo o que faço e estudo. Para mim a História faz muito sentido e se torna prazeroso poder falar e pesquisar sobre ela.
preferem outras coisas, a História é algo chato e difícil de se entender... O que essas pessoas fazem para se dar bem? DECORAM o conteúdo! Decorar o conteúdo é uma terefa muito difícil, muito mais difícil do que realmente entender ele... (mesmo que para entender você também pecise fazer esforço). Sabendo disso vou colocar algumas dicas do professor Eustáquio Vidigal que achei no blog de outro grande professor, o Michel, para conseguirmos realmente entender um tema. Ai vai:
Como estudar história

1- Situe o fato no tempo e espaço: Saber quando e onde ocorreu determinado fato histórico é condição elementar para saber história.

2- Analise o contexto histórico: contexto histórico é o conjunto de acontecimentos que cerca o fato em questão. É o ponto mais importante do roteiro, pois mostra que não existem fatos isolados. A noção do contexto histórico rompe com a decoreba de conteúdos.

3- Conheça os antecedentes: antecedentes são as causas de determinado fato histórico, e estão interligados ao contexto histórico. As causas permitem entender os motivos que levaram ao fato.

4- Compreenda o fato: isto é, entenda o evento propriamente dito, através de suas características e seu significado histórico.

5- Perceba os seus desdobramentos: desdobramentos são as consequências do fato estudado. Conhecer as consequências permite estabeleceremos um gancho para analisar o próximo fato histórico.
Aplicação

Exemplo de aplicação deste roteiro:

a) Fato Histórico: Primeira Guerra Mundial.
b) Espaço e Tempo: Europa, de 1914 a 1918.
c) Contexto Histórico: Imperialismo, Política de Alianças, Paz Armada.
d) Causas: Disputa de mercados imperialistas, Divergências político-econômicas, Revanchismos, Nacionalismo.
e) Evento: A guerra, O início, Blocos militares em conflito, Etapas, O término.
f) Consequências: Tratado de Versalhes, Fim da hegemonia européia, Surgimento de novas nações, EUA como potência mundial, Criação da Liga das Nações, Revanchismo alemão, Fortalecimento do nazi-fascismo.


Loucura ein? Espero que seja útil pra galera!
Abraço!!


CRÉDITOS:
Blog do Professor Eustáquio - http://www.eustaquiovidigal.com/?acao=textos
Blog do Professor Michel - http://www.historiadigital.org/2009/06/como-estudar-historia-primeira-parte.html

2 de mai. de 2010

YouTube

Ao contrário do que muita gente pensa, o YouTube não tem só bobagem (aliás, algumas são muuuito boas! asijaahsuhas). Se você procurar pode achar material interessante para estudar História: vídeos antigos, documentários, vídeo-aulas sobre os assuntos abordados na sala de aula!

O vídeo abaixo, por exemplo, explica a Colonização do Brasil:




Claro, sobre o Descobrimento da América, esse é um CLÁSSICO!!
ASHUHASUHASU



Genovevo! (O Godines é o melhor!)

E pra terminar, a pedagogia do seu Madruga!


Quando eu tiver um tempo, eu te ensino!
HSAUHAUSHUSAHUASHUSA

Bons estudos a todos!

25 de abr. de 2010

2ª Série - A União Ibérica e a invasão holandesa

De 1580 até 1640 Portugal vive uma situação atípica. O rei Dom Sebastião morre em 1578 na batalha de Alcácer-Quibir, tal batalha foi uma Cruzada que o monarca resolveu fazer acreditando que seria vitorioso pois para ela essa era a vontade de Deus. Com sua morte Portugal fica sem descendente real, pois D. Sebastião não tinha filho, seu tio, o parente mais próximo e sucessor, D. Henrique, havia falecido em 1580. Inicia-se uma disputa pela coroa, dessa disputa sai vitorioso o rei da Espanha, Filipe II que era descendente, por parte de mãe, da família real portuguesa. Quando ganha a disputa surge a União Ibérica, Portugal e Espanha unem-se sob o mesmo governante.
“O reinado espanhol estendia-se até aos Países Baixos (Holanda e Bélgica). Algumas províncias dessa região, descontentes com o domínio católico e com a cobrança de pesados tributos lutavam para se tornar independentes da Espanha. A situação se complicou ainda mais quando Felipe II proibiu o comércio da Holanda com as colônias lusitanas. Resultado: os holandeses invadiram e conquistaram territórios pertencentes à Espanha, em especial, aqueles destinados ao tráfico negreiro na África e à produção de açúcar na América portuguesa.” No Brasil, em 1630, conquistaram Pernambuco.
Maurício de Nassau foi quem a Companhia das Índias Ocidentais (companhia que foi responsável pela colonização holandesa) enviou para governar os territórios holandeses no Brasil. Inicialmente as relações entre o novo governo e a população de Pernambuco foi amistosa. Nassau empreendeu várias obras de melhoria e infra-estrutura na colônia. Todavia, a Companhia resolveu modificar o comportamento com os senhores de engenho, cobrando os empréstimos que lhes havia concedido, executando os que não pagassem as dívidas, acrescendo juros à dívida inicial. Maurício de Nassau contrário a essa postura, se retirou do Brasil.
Os senhores de engenho rebelam-se com a situação e em um movimento conhecido como Insurreição Pernambucana, expulsam os holandeses. Mas se a Holanda invadiu Pernambuco, por que a União Ibérica (Espanha e Portugal) não a expulsaram? Durante esse período Portugal concentra forças em uma luta contra a dominação Espanhola, em 1840 Portugal consegue a separação, embora a Espanha continue atacando Portugal até 1644. Dentro desse período os recursos são escassos para uma investida sobre a Nova Holanda, pois Portugal estava concentrado em sua defesa contra a Espanha. A expulsão dos holandeses de todo o território nordestino vai ocorrer apenas em 1653, ai sim com o apoio do exército e marinha portuguesa.
Na busca de soluções para sair da crise em que se encontrava, Portugal tem uma série de iniciativas no sentido de controlar o comércio e os territórios brasileiros, cria companhias como a Companhia Geral de Comércio do Brasil e a de Comércio do Estado do Maranhão, cria o Conselho Ultramarino para ampliar o controle sob os domínios coloniais. Com o objetivo de garantir posse sobre seu território e ampliá-lo ainda mais, o governo Português incentiva a exploração do interior do Brasil na busca de pedras preciosas e funda a Colônia de Sacramento, em 1680, nas margens do Rio da Prata, para facilitar o acesso aos metais extraídos das minas da América Espanhola.
Mas isso é assunto pra um próximo post!
=)

2ª Série - A Escravidão

No último texto estudamos o “Descobrimento do Brasil” e o início do processo de colonização de nosso país. Verificamos que inicialmente Portugal não deu muita importância para as terras americanas de seu Império, apenas cerca de trinta anos após o descobrimento alguma política de imigração começou a ser pensada e estruturada. O Brasil precisava ser colonizado senão outros países tomariam suas terras! Dentro dessa perspectiva as grandes plantações de cana-de-açúcar foram a maneira escolhida para a expansão da Colônia e o Governo Geral tratou de apoiar tal empreendimento por todo o nordeste brasileiro: Como sabemos, o açúcar era um produto bastante caro para a época e não era produzido na Europa pelo fato da cana necessitar de climas tropicais para se desenvolver.
A principal força de trabalho empregada nessas plantações e no processo de fabricação do açúcar era formada por escravos, inicialmente indígenas, depois, africanos. Nesse texto iremos estudar essas escravidões e seu papel na formação de nosso país. Boa Leitura =).


A Escravidão Indígena X Africana

Ao chegar ao Brasil, os Portugueses logo fazem uso do trabalho indígena, inicialmente por meio de escambo: troca de serviço por quinquilharias que os índios não tinham acesso, como espelhos, miçangas, louças entre outras coisas; após esse contato inicial, os índios começam a ser aprisionados e escravizados. Logo nos fins do século XVI sua força de trabalho começa a ser substituída por africanos. Por que isso ocorre?
Começa-se a divulgar a ideia de que o índio seria menos capaz que o africano, que ele era mais propenso a se rebelar e a fugir do que o negro, a igreja que inicialmente apoia a escravidão dessa gente sem alma, desses vassalos do diabo como eram considerados os nativos americanos. Agora afirma que eles devem ser catequizados: os descendentes de Cam (africanos) tem mais pecados sobre a terra que os de Jafé (índios), e esses devem pagar por esses pecados mediante seu trabalho Assim como o açúcar mascavo se livra das impurezas e se torna branco, o trabalho dos escravos os fará livrar se de seus pecados e os tornarão puros para a vida no paraíso.
Além dos argumentos que tangem ao comportamento indígena: pessoas menos propensas ao trabalho, fracas, fogem com mais facilidade por conhecerem o território; a questão da mão de obra africana tem relação com o lucro que Portugal obtinha com o comércio dos escravos. O índio era capturado por particulares, na maioria das vezes, já o escravo africano era capturado (ou adquirido) e vendido por Portugal. A venda desses escravos, portanto, gerava muito lucro para a coroa, coisa que a escravidão indígena não fazia.


O comércio de escravos

Portugal mantinha feitorias na África que eram postos avançados lusitanos naquele continente. Estes postos geralmente estabeleciam relações com algumas tribos que capturavam negros que outras origens e vendiam para os portugueses por preços bastante módicos. Após serem adquiridos na África esses escravos eram armazenados em prisões e ficavam a espera dos navios para efetuar o transporte. Nos navios eles eram amontoados e recebiam um tratamento desumano. Aqui, esta palavra deve ser entendida literalmente, pois aquelas pessoas eram consideradas objetos por parte dos portugueses, a esse processo: o de transformar em coisa uma pessoa, chamamos reificação.
No Brasil, após um tenebroso transporte, os sobreviventes eram vendidos em feiras. Os compradores tinham o cuidado de adquirir escravos de diferentes procedências, para evitar a comunicação entre eles e assim diminuir a possibilidade de revoltas. Nas lavouras e engenhos o trabalho era pesado, 18, 20 horas por dia, todo o tempo sendo vigiados pelo capataz, alimentação ruim, a noite eram amontoados e presos na senzala, para que quando o sol raiasse o trabalho mais uma vez fosse iniciado. Vida bem diferente da do Senhor do Engenho, dono da propriedade, residia na “Casa Grande”, como era conhecida, cercado de luxos, empregados e escravos domésticos.


A resistência

Apesar de toda a vigilância e severidade do senhor do engenho e dos capatazes, os escravos tinham suas estratégias de resistência à situação que se encontravam. Essas estratégias eram variadas e poderiam ser ou não ser violentas.
Os meios mais evidentes de resistência eram a fuga e as insurreições. Os escravos fugidos em alguns lugares do Brasil se juntavam em Quilombos, que eram agrupamentos escondidos de escravos (muitas vezes, além de escravos, os Quilombos abrigavam índios, soldados que fugiam do serviço militar, criminosos e mulatos). Entretanto a fuga deveria ser muito bem articulada, pois os escravos eram propriedade do senhor, e este não gostaria de perder seu investimento, desse modo os capitães do mato, contratados pelo dono das fazendas, iriam caçar o escravo fugido, se encontrado ele seria severamente punido.
Alguns escravos eram “banzos”. O banzo era aquele que simulava doença ou induzia ela para não trabalhar. Muitos eram os casos de escravos que comiam terra para ficarem doentes e então conseguirem um momento de descanso. Outros utilizavam-se da feitiçaria, para amedrontar seus donos se diziam feiticeiros, a religiosidade da época fazia com que alguns senhores acreditassem nesse tipo de coisa e os mandassem embora.
Outra situação é inversa, em alguns casos o escravo era tão bem adaptado ao seu senhor e a seus funcionários que já conhecia todas as “manhas” para “matar trabalho” ou conseguir aquilo que queria. Nesse caso era muito mais vantajoso para eles ficarem no lugar em que estavam do que serem vendidos para outros donos. Desse modo muitos deles se tornavam banzos, ou mesmo se auto-flagelavam para não gerar interesse nos compradores.


Permanência

A escravidão, como veremos em estudos posteriores, permanece na sociedade brasileira como uma mácula. A situação de pré-conceito e marginalização da população negra no Brasil ainda persiste por conta das consequências dos séculos onde os africanos foram escravizados e ideias da inferioridade da raça negra divulgadas. Apesar da Lei Áurea de 1888, que aboliu o trabalho forçado, essas populações não receberam nenhum tipo de apoio governamental para melhorar sua situação social. E deste modo permanecem até hoje sofrendo uma situação criada há mais de quatro séculos atrás.

21 de abr. de 2010

Dicas para melhorar o aproveitamento do seu estudo

A principal reclamação de quem não gosta de História é a de que é preciso decorar muita coisa para se dar bem em uma avaliação. Eu acredito no contrário, você não precisa decorar nada para ir bem em uma avaliação, precisa sim, entender o conteúdo e compreender como as informações tem relação entre si. Desse modo a matéria fará muito mais sentido e terá muito mais utilidade para você.
Para que se entenda um assunto de fato é necessário um estudo bem feito e atenção na hora das explicações do professor. Cada um desenvolve a sua própria maneira de aprender ou ler, entretanto acredito que algumas coisas sejam básicas, ai vão algumas dicas:

  • O ambiente em que se estuda deve ser tranquilo, isso favorece a concentração naquilo que se lê;
  • Muitas pessoas gostam de ouvir música enquanto estudam, geralmente as músicas com letra distraem o estudante, as instrumentais em um volume adequado podem ser bem-vindas;
  • Estudar sentado com o material que se lê sobre a mesa é a melhor postura para o estudante, geralmente quando se deita ou se relaxa em algum ponto, você pode se desconcentrar e cansar com mais facilidade;
  • Para se entender um texto não basta apenas ler. Na maioria das vezes é preciso que se escreva em um papel os pontos ou idéias principais de cada parágrafo, de modo que ao final se forme um fichamento com as informações que o texto traz. Desse modo é mais fácil estabelecer relações entre elas;
  • Não se deve ignorar o significado daquelas palavras que não conhecemos, muitas vezes elas são fundamentais para se entender uma frase;
  • Deve-se cuidar com aqueles termos ou conceitos que fazem referência a outros conhecimentos. Por exemplo: mercantilismo. Tal termo se refere a um sistema econômico, é preciso que se entenda o que é mercantilismo primeiramente para depois entender a frase em que ele está inserido;
  • Um parágrafo é uma unidade de texto que expressa uma idéia, e é formado por um tópico frasal, desenvolvimento e conclusão. O tópico frasal, a primeira ou as primeiras frases do parágrafo, esclarecerão o assunto que o mesmo abordará, após isso vem o desenvolvimento, e por fim a conclusão dessa idéia;
  • As vezes é preciso que separemos um parágrafo em várias partes para que possamos entender o que ele quer dizer;
  • Não espere ter vontade de estudar para começar a ler. As vezes precisamos deixar de lado o conforto de fazer algo que nós gostamos e que não necessite de esforço mental e concentração, para começar a estudar, aprender e crescer mais.

Desejo bons estudos a todos e todas!

OBS
Peço desculpas aos 2ºs anos pela demora na publicação do resumo. Se serve de consolo para aqueles que estavam ansiosos por ter o conhecimento histórico divulgado aqui nesse site, em minha humilde opinião, e modéstia a parte, é claro, acredito que o texto de vocês ficou o melhor de todos!

2ª Série - "Descobrimento" do Brasil e Início da Colonização


Você com certeza já ouviu a história do Descobrimento do Brasil. Até algum tempo atrás essa história era contada da seguinte maneira: Pedro Álvares Cabral, navegador português, comandou uma esquadra de 13 navios, saiu de Portugal com destino às Índias no ano de 1500. Sua viagem tinha a missão de fazer comércio com aquele lugar e levar a fé católica para as pessoas “infiéis” daquela parte do mundo. Entretanto, no meio do caminho, houve um problema (como sempre acontece nas melhores histórias). Por algum motivo a esquadra se perdeu no meio do Oceano Atlântico, e então (agora é o momento em que o drama e o heroísmo entram brilhantemente no enredo), desbravando aquela imensidão azul que é o mar, navegando rumo ao desconhecido, procurando alguma referência nas estrelas ou no horizonte que lhes mostrasse o caminho de retorno a casa, cheios de incertezas e já quase entrando em desespero ante a situação que enfrentavam: a terra é avistada! Como era o oitavo dia de páscoa, o pedaço de terra elevado que se avistou foi nomeado de monte Pascoal, e aquela terra, Terra de Vera Cruz.
Com certeza essa é uma bela história! Principalmente para os fidalgos e membros da nobreza portuguesa. O ato do descobrimento do Brasil, segundo tal conto, foi heróico, recheado de coragem e bravura por parte daqueles que o fizeram, e que não por coincidência, também eram nobres. Logo se percebeu que essas terras que foram descobertas eram incivilizadas, cabia, portanto, à Portugal promover a civilização nelas. Civilizar, nesse caso, significa levar a fé católica aos gentios (índios), e fazer, de algum modo, aquele lugar gerar lucro.


O Descobrimento

Tudo indica que esta história do descobrimento contada acima não é verdadeira. Alguns argumentos foram elaborados para refutar a idéia de um descobrimento heróico para o Brasil.
O primeiro deles tem relação com o Tratado de Tordesilhas. O que foi esse Tratado? A América foi descoberta pela Espanha, portanto, apenas espanhóis teriam direito de colonizar nosso continente. Portugal era o país mais rico da época e mantinha uma relação muito próxima com o papado. Desse modo o papa abençoou (que nesse caso significa “pressionou a Espanha a aceitar”) um acordo estabelecido entre Espanha e Portugal, que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas. Nesse acordo ficou estabelecido a divisão das terras da América entre os dois países, tanto as terras já descobertas como aquelas que viriam a ser descobertas.
Agora, para não esquecermos que estamos falando de história, vamos nos ater um pouco às datas e usar nosso raciocínio lógico: A América foi descoberta por Colombo em 1492. O Tratado de Tordesilhas foi assinado em 1494. E segundo o que temos, Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil em 1500, e chega exatamente na parte destinada a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. Sendo assim as terras da América foram divididas antes de Cabral chegar ao Brasil, o navegador português aportou em terras que já eram portuguesas. Será mesmo que a visão que ele teve do Monte Pascoal foi um acaso do destino?
Como se isso não bastasse temos relatos de que um navegador português, de nome Duarte Pacheco esteve em terras brasileiras um ano antes da descoberta oficial do Brasil. E o que é mais interessante é que esse mesmo navegador encontrava-se na esquadra de Cabral em 1500.
Por fim, o relato feito do descobrimento por Pero Vaz de Caminha mostra que não houve surpresa por parte da tripulação ou dos comandantes com o “achamento”. Isso pode indicar que essas pessoas tinham certeza de que encontrariam terra em algum ponto na atravessia do “mar longo” (termo utilizado por Caminha que pode-se entender como o mar que separa a costa africana da brasileira).
Ao defrontarmos com esses fatos percebemos que algo está errado com aquela história inicial. O que discutimos hoje em dia é que Pedro Álvares Cabral sabia para onde estava indo, e ele estava indo para o Brasil. Não é possível que uma esquadra de 13 caravelas, que saíram de Portugal, a maior potência mundial da época, que tinha os melhores navegadores, se perdesse sem mais nem menos no meio do oceano. A vinda de Duarte Pacheco em 1499, se é que existiu, foi uma viagem de exploração. Já a de Cabral, foi a viagem para oficializar o descobrimento.
Cabral era um nobre português, e como ele, havia várias outras pessoas de famílias importantes de Portugal nos navios: O Descobrimento de 1500 foi feito, pela fina flor da elite Portuguesa para valorizar e dar prestígio àquela gente e ao ato do descobrimento.


Descobrimento, Achamento, Chegada...

Os historiadores nos últimos tempos tem criticado muito o termo “Descobrimento do Brasil”, utilizado há tempos para se referir à chegada dos portugueses na América. Essa crítica tem relação com o fato dos portugueses não terem sido as primeiras pessoas a habitarem as terras tupiniquins. Quando chegaram em suas caravelas haviam índios no Brasil, várias populações de muitas etnias diferentes. Essa gente habitava nossas terras desde tempos imemoriais. Para o índio aquela terra onde ele cresceu e viveu era sua, ele tinha plenos direitos de viver ali. Assim como para o portugês, dentro de sua mentalidade colonial, as terras onde a igreja católica não era presente eram incivilizadas e pertenciam a ninguém. Assim o termo “Descobrimento do Brasil” ignoraria a presença indígena na América.
Portanto, será que o Brasil foi descoberto? Será que na verdade foi um achado? Ou será que o termo correto seria chegada?
Em minha humilde opinião, o termo que utilizarmos não faz tanta diferença, o que importa é estarmos cientes da questão da posse que envolve todos os termos, ou seja: para o português, utilizar o termo DESCOBRIMENTO significa dizer que os índios que aqui viviam não eram cristãos e civilizados a maneira européia. E eram os portugueses que de acordo com sua mentalidade deveriam evangelizar e civilizar essa gente.


O início da Colonização

Inicialmente, quando Cabral chegou, descobriu ou achou o Brasil, não foi dado muita importância para essas terras. Na verdade a menina dos olhos de Portugal era o oriente, as especiarias da Índia e China. Era muito mais lucrativo para a coroa portuguesa patrocinar uma viagem até esses lugares do que investir no processo de colonização do Brasil. Para se ter uma idéia, uma viagem até as Índias que voltasse com sucesso para a Europa, proporcionava para o dono do barco dinheiro para uma vida inteira sem mais precisar trabalhar.
Assim, o Brasil foi descoberto mas nenhuma ação colonizadora foi levada a cabo. O primeiro produto explorado no Brasil foi o Pau-Brasil. Árvore de madeira propícia a construção naval e de onde se extrai um corante vermelho, perfeito para desenvolver tintas. A exploração dessa madeira foi feita mediante concessões que a coroa fazia a empreendedores particulares. Ou seja, o dinheiro para investir na extração do Pau-Brasil não era do governo português, mas de homens de negócio da época.
Essa exploração foi feita com trabalho indígena. Os índios trabalhavam mediante escambo, ou seja, os portugueses davam quinquilharias, como espelhos, tecidos, panelas, miçangas, e os índios trabalhavam para eles.
A pouca presença portuguesa no Brasil fez com que vários países europeus que não tinham colônia na América enviassem expedições ao litoral brasileiro com o objetivo de ocupar o território. Principalmente, nesse início de colonização a França enviou várias expedições e inclusive tomou alguns territórios por pouco tempo.
Tal situação levou Portugal a iniciar uma política de colonização mais efetiva. Primeiramente envou Martim Afonso de Sousa, que em 1532 fundou o primeiro núcleo colonial, São Vicente, que era localizado no litoral de São Paulo. Afonso de Sousa iniciou o primeiro núcleo colonial, que era habitado em sua maioria por degredados, marinheiros desertores, pessoas exiladas de Portugal. A vida na colônia nessa época era bastante difícil.
Junto a vinda de Martim Afonso de Sousa, Portugal criou, em 1534, as Capitanias Hereditárias. Elas eram uma tentativa de fazer a colonização do Brasil através de capital particular. O que elas eram e como funcionavam?
As capitanias eram 16 faixas de terra que iam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Essas faixas de terra eram cedidas aos “Capitães Donatários” que eram ricos membros da nobreza ou elite comercial portuguesa, e essas pessoas ficariam responsáveis por promover a colonização e exploração dessas áreas. O lucro de todos os empreendimentos seria dos capitães, em troca eles deveriam cumprir uma série de deveres com a metrópole.
Os planos da coroa portuguesa não deram certo, as capitanias não obtiveram o sucesso esperado, apenas duas, que investiram na plantção de cana-de-açúcar fugiram do fracasso, foram elas São Vicente (São Paulo atual) e Pernambuco. O açúcar era um produto bastante valorizado na época, conhecido como ouro-branco e é ele quem vai ser o grande carro chefe da economia brasileira nas primeiras décadas da colônia.
Com o insucesso anterior, o governo português finalmente inicia a colonização por suas custas. Instaura o governo-geral em 1548. Tal governo tinha o objetivo de promover o assentamento dos colonos, os governadores então incentivavam a implantação de engenhos, faziam feiras regulares, combatiam o comércio ilegal de pau-brasil, cobravam impostos, entre tantas outras atividades. A primeira capital do brasil, sede desse governo foi Salvador. Esse governo era formado por câmaras municipais. Participavam dessas câmaras apenas pessoas ricas das cidades, fazendeiros e grandes comerciantes, esses eram considerados “homens-bons”, poderiam votar e ser votados, e assim decidir o destino de sua localidade. Portanto o governo-geral foi um governo de elites.

18 de abr. de 2010

1ª Série - Egito e Mesopotâmia

As civilizações que desenvolveram-se no Egito e na Mesopotâmia apesar de culturalmente distintas possuem muitas características em comum, a mais importante delas, talvez, é o fato de ambas serem Civilizações Hidráulicas, que desenvolveram-se ao redor de rios e tem sua vida totalmente atrelada a eles. A religião, arquitetura, artes, economia, ciência e tantos outros aspectos desses povos continuam fascinando os curiosos e pesquisadores até hoje. Todos nós já ouvimos falar sobre esses povos ou ao menos conhecemos algumas características de suas culturas, quem nunca viu uma múmia em um filme ou história?
A certeza que temos é que apesar de tudo o que já foi descoberto em pesquisas e exibido em filmes, as pesquisas continuarão a serem feitas e filmes e histórias continuarão a serem veiculados e produzidos, pois estas civilizações fazem parte de um período histórico onde a humanidade floresce, passa a viver em cidades, cria regras sociais complexas, sistematiza sua linguagem em esquemas de escrita, e produzem obras que de tão belas e imponentes, até hoje provocam espanto em quem as observa.
Nas próximas linhas vamos desbravar algumas das principais características dessas civilizações! Bons estudos!




Egito

Desenvolvimento do Egito nas margens do Rio Nilo


O Rio Nilo foi o responsável pelo desenvolvimento da civilização egípcia. Todas as cidades localizam-se em suas margens. As cheias periódicas do rio, que acontecem de julho a novembro, levavam o húmus do leito para as regiões inundadas, isto fazia com que as terras fossem fertilizadas, as águas do rio eram canalizadas em diques nas épocas de vazante e irrigavam as plantações que ficavam até cerca de 20km de distância. Esses canais não eram grandes obras de engenharia, mas sim de cooperação. Os camponeses (ou félas) trabalhavam em conjunto para mantê-los funcionando, se em um ponto o féla responsável não abastecesse o canal, o restante da rede de diques ficaria sem água.Divisão do trabalho e Canais de Irrigação: obras de coletividade.


Economia e Comércio


A economia é toda baseada na agricultura. O faraó é o dono de todas as terras do país, organizando todo trabalho agrícola. Também administrava as construções, pedreiras, e minas. No Egito predominava o regime de servidão coletiva, onde todos eram obrigados a trabalhar para sustentar o faraó, ou pagavam tributos na forma de bens para o estado.
Isso significa que a economia era altamente estatizada, ou seja controlada pelo Faraó, sendo assim não havia muito espaço para iniciativas individuais. Portanto era praticamente impossível alguém conseguir abrir um “negócio”, e se conseguisse seu mercado estaria restrito à nobreza egípcia, que consumia os produtos de origem estatal.
As principais atividades econômicas exercidas no Egito eram a agricultura, criação de animais, comércio externo e forjamento de metais. Na agricultura destacaram-se no cultivo do trigo, cevada, linho e papiro. Com o trigo os egípcios faziam pão, com a cevada, faziam cerveja, bebida muito apreciada pelos camponeses, com o linho fabricavam tecidos para confecção de roupas, e finalmente o papiro, natural do delta do Nilo (região em que o rio desemboca no Mar Mediterrâneo), servia para fabricar cordas, sandálias, barcos e principalmente papel (papiro), muito usado até a Idade Média.
Como no território Egípcio havia quase tudo quanto era necessário, o comércio exterior não foi muito desenvolvido. O mesmo pode-se dizer sobre o comércio interno, os servos recebiam tudo o que necessitavam do Estado e não possuíam poder de compra para adquirir o artesanato produzido. Tais produtos eram consumidos principalmente pela nobreza.
Na verdade podemos dizer que toda a situação econômica e comercial do Egito foi construída de modo a manter o Faraó no poder.




Religião e Cultura


O povo egípcio era altamente religioso. Essa religião era politeísta e antropozoomórfica, ou seja, havia um panteão com vários deuses e esses deuses assumiam forma metade humana metade animal. O Faraó era um deus encarnado, considerado filho do deus sol, por isso sua autoridade era máxima, todos os egípcios tinham cega obediência a ele.
A preocupação com a vida após a morte era uma das características básicas da religião egípcia. As famosas pirâmides são túmulos onde o faraó e tudo aquilo que pertencia a ele era enterrado. Acreditava-se que ele retornaria do mundo dos mortos e viveria novamente em seu corpo. Portanto seus pertences e riquezas precisavam ser guardados para sua segunda vida.


As mais famosas Pirâmides do Egito


Sociedade


A sociedade era bastante dividida com papéis bem definidos, podemos dividir ela em cinco partes: Nobreza, Sacerdotes, Funcionários Públicos, Servos e Escravos.
A Nobreza era formada pelo faraó e sua família, era a parte mais prestigiada da população, os Sacerdotes vinham logo em seguida, eram muito respeitados pelos seus conhecimentos e por serem mediadores dos homens com os deuses. Eram responsáveis pela administração dos templos, e escolas nas quais os médicos, escribas e outros profissionais obtinham seus conhecimentos.
Uma outra divisão social bastante prestigiada era a dos Funcionários Públicos. O Vizir era o cargo mais importante que alguém poderia conseguir, ele era o porta-voz do Faraó, controlava a arrecadação dos impostos, chefiava a polícia, fiscalizava as construções ao longo do Nilo, administrava as obras públicas e presidia o mais alto tribunnal de Justiça além de ser o ministro da guerra. Escribas e Soldados também eram funcionários públicos, a habilidade da escrita era para poucos, e essas pessoas cobravam impostos, classificavam o valor das propriedades, organizavam leis, fiscalizavam atividades econômicas entre outras funções. Os Soldados eram prestigiados, após um bom tempo de serviço eram recompensados com terras, ouro e altos cargos.
Os servos que compunham a maior parte da população eram divididos em camponeses, que trabalhavam em plantações e recebiam como salário uma pequena parte de sua produção. Nas épocas de cheia eles trabalhavam em obras públicas. Artesãos e Comerciantes podem ser classificados nessa categoria também, uma vez que praticamente todo o trabalho do artesão era encomendado pelo Faraó, da mesma maneira ocorria com os produtos do Comerciante, que não encontravam muitos compradores entre os camponeses.

Mesopotâmia



A palavra Mesopotâmia vem do grego que significa “entre rios”. Este é o nome do lugar onde se desenvolveram cidades ao longo do curso dos rios Tigre e Eufrates, que assim como o Nilo são caracterizados por cheias periódicas que fertilizam as terras que alcança.
As cidades mesopotâmicas tinham uma importante diferença se compararmos com o Império Egípcio, elas eram independentes. Cada cidade funcionava como um pequeno estado, por isso chamamos elas de Cidades-Estado, com governo e muitas vezes cultura e religião próprias. Apesar dessa independência, em alguns momentos da história mesopotâmica algumas cidades prevaleceram sobre outras é o caso do período do domínio de Lagash (2500-2360 a.C.) Assur (1800-1375a.C.) e Babilônia (1728-1686 a.C.).





Região "entre rios"


Sociedade


Na Mesopotâmia encontramos também uma rígida divisão social, a função de cada um era indicada pela camada social que pertencia. Os mais privilegiados eram Nobres, guerreiros, sacerdotes e funcionários públicos. Abaixo destes estavam os camponeses, trabalhadores livres que prestavam serviços as comunidades e escravos.


Economia


A agricultura era uma das bases da economia mesopotâmica, a atividade que mais envolvia mão de obra. O comércio, era também uma importante atividade econômica. Praticado através das caravanas (expedições de comércio em grandes grupos). Os comerciantes nômades percorriam extensas áreas para vender suas mercadorias ou comprar matérias-primas que não eram encontradas na Mesopotâmia. Os contatos comerciais eram feitos, principalmente, com sociedades do Oriente Médio e Índia.
Enquanto o Egito possuia grande quantidade de matéria-prima em seu território, a Mesopotâmia era escassa em recursos, o que fez cada vez mais o comércio ser uma atividade muito valorizada e lucrativa. Além disso, na Mesopotâmia temos trabalhadores livres que conseguem acumular capital o suficiente para gastar com produtos artesanais, o que desenvolve a monetarização da região, fazendo com que em 1800 a.C. apareçam bancos que já tinham serviço de conta-corrente, empréstimo a juros e poupança. O contole comercial era feito através de registros em placas de argila, utilizando caracteres cuneiformes (escrita em forma de cunha). Aliás, a invenção da escrita é atribuída a uma civilização Mesopotâmica, os Sumérios, cerca de 5500 a.C.


Escrita cuneiforme
Cultura e Religião


O Horóscopo é uma invenção Mesopotâmica, a religião era baseada nos astros. Equipamentos para a observação das estrelas, como o Astrolábio são invenções mesopotâmicas. A sofisticação foi tanta que essas civilizações chegaram a prever eclipses, identificar constelações e planetas e determinar fases da lua e estações do ano. As pesquisas astronômicas fizeram a matemática desenvolver-se, a álgebra e a divisão do círculo em 360 graus são dessa época. Também o calendário lunar, divisão da semana em sete dias, ano em doze meses, dia em dois períodos de doze horas, todas essas coisas invenções da região entre rios.
A observação dos astros era feita com a intenção de descobrir a vontade dos deuses, para que então a sociedade pudesse se organizar de acordo com aquilo que eles desejassem. Para desenvolver a observação e realizar cultos, foram construídos os Zigurates. Templos gigantescos, que além de funções religiosas e astronômicas, serviam como hospitais, bibliotecas e escolas.
Os Mesopotâmicos não davam a mesma importância para a morte que os egípcios atribuíam. Para eles a morte era uma passagem para uma dimensão inferior, os mortos, segundo eles passariam a viver na escuridão.


Zigurate


Babilônia


A Babilônia foi uma das mais importantes cidades mesopotâmicas, sua grandiosidade apareceu durante o reinado de Hamurábi. Este rei, utilizando sua habilidade bélica, conquistou várias cidades e regiões ao redor. Governou criando leis severas. O Código de Hamurábi baseava-se na idéia do “olho por olho, dente por dente”. Ou seja, a pessoa que cometia uma irregularidade ou crime pagava com uma punição no mesmo sentido e intensidade. Este código de leis foi registrado em escrita cuneiforme e gravado em pedras de argila. A economia da região era baseada na agricultura (praticada às margens dos rios Tigre e Eufrates) e no comércio.
Durante esta época a Babilônia tornou-se uma das regiões mais prósperas do mundo antigo. A cidade era composta de habitações luxuosas e grandes templos religiosos. Estes, eram administrados pelos sacerdotes, que também tinham a função de tomar conta das finanças do governo.
Após a morte de Hamurábi, a Babilônia perdeu força e foi invadida e conquistada por diversas tribos da região. Voltou a ganhar poder e importância somente no século VI AC, durante o reinado de Nabucodonosor. Este rei retomou as conquistas e ampliou as áreas de domínio e influência. Ordenou a construção de muralhas em volta da cidade. Dentro das muralhas foram construídos diversos templos e palácios luxuosos, decorados com pinturas e jardins. Para sua esposa, Nabucodonosor ordenou a construção dos famosos Jardins Suspensos da Babilônia (uma das sete maravilhas do mundo antigo).




Código de Hamurabi

13 de abr. de 2010

3ª Série - I Guerra Mundial

“O primeiro conflito mundial foi um choque entre dois blocos de países com diferentes interesses, cada um decidido a aniquilar o outro, com uma violência sem precedentes que anunciava grande parte dos horrores que marcaria o século XX”. p. 34 LD


Trincheira e soldados utilizando máscara contra as armas químicas

- Em 1848, França e Inglaterra tornam-se repúblicas estáveis, seus governos conseguem ampla legitimidade e os dois países adiantam-se na corrida imperialista, ou seja, conquistam cada vez mais colônias na África e Ásia.


- Nessa mesma época Itália e Alemanha ainda não existem, os povos germânicos e itálicos estão organizados em dezenas de pequenos estados aos moldes medievais. Tais países vão se unificar apenas na segunda metade do século XIX.


- A Alemanha unificada sob o comando da Prússia, estado altamente militarizado, desenvolve-se rapidamente e quer seu lugar entre os países imperialistas.

- A estabilidade das Repúblicas Francesa e Inglesa, conseguida após muita luta e alternância de poder, aliada a política nacionalista, faz surgir um sentimento ufanista na população das décadas pós 1848. Tal ufanismo também é percebido na Alemanha e Itália, que precisaram divulgar a idéia de nação para legitimar os novos países criados. A Rússia que tinha-se como líder dos povos eslavos, a sérvia que lutava por conquistar parte de seu território dominado pela Áustria-Hungria também partilhavam desse nacionalismo ufanista. Esse sentimento geral impulsionou cada vez mais as pessoas para a guerra, no desejo de defender seus países.


Cartaz britânico de propaganda
do alistamento militar.




- Para se auto-afirmar e alcançar mais territórios na corrida imperialista, Alemanha e Itália iniciam um processo de pesquisa e desenvolvimento de novos armamentos. Os outros países não poderiam ficar pra trás e ao perceber tal empreendimento da Alemanha e Itália, também lançaram-se a fabricação de armamentos. Tal evento foi conhecido como “corrida armamentista”. Metralhadora, lança-chamas, tanque de guerra são apenas alguns dos inventos criados nessa época.

- Apesar da enorme rivalidade entre todos os países europeus inicia-se nesse período uma política de alianças, de modo que surgem dois blocos de países bastante claros: a “Tríplice Aliança”, formada por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália e a “Tríplice Entente”, encabeçada pela Grã-Bretanha, França e Rússia.



- A união entre Alemanha e Áustria-Hungria pode ser explicada pelo fato de serem dois impérios, e de maioria germânica, a junção da Itália ao grupo tem relação com o fato deste país ter sido retardatário na corrida imperialista, como a Alemanha.


- Já a união da Entente é complexa: A França não se alia a Alemanha por conta do ressentimento que ainda existia da guerra Franco-Prussiana (A Prússia era um estado alemão) de 1870, a França saiu perdedora da guerra e ficou sem o território da Alsácia-Lorena; A Rússia entendia-se como líder dos países eslavos, portanto se viu na obrigação de aliar-se a Sérvia, país que na época tinha vários conflitos com a Áustria-Hungria; A Inglaterra, maior potência da época, inimiga histórica da França, via na Alemanha uma grande concorrente para sua indústria e navegação, portanto fez aliança com Rússia e França. Os líderes dos dois blocos estão formados.


- O Império Austro-Húngaro (Império germânico), abrigava em seus domínios várias populações de origem eslava, a Sérvia, país vizinho e eslavo queria que os territórios austro-húngaros habitados por pessoas eslavas fossem libertados. Em 1914, extremistas sérvios cometem o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando, sucessor do trono Austro-Húngaro, como forma de protesto para a situação dos eslavos. Imediatamente a Áustria-Hungria sente-se atingida pela Sérvia e declara guerra a mesma, a política de alianças entra em ação e os países aliados de Áustria-Hungria e Sérvia participam do jogo. Todos exceto a Itália, que se mantém neutra.
O herdeiro do trono Austro-Húngaro Franscisco Ferdinando


- As pessoas da época esperavam que a guerra durasse pouco tempo, talvez 4 ou 6 meses. Entretanto o poderio militar dos dois blocos foi tão grande e tão equilibrado que fez com que o conflito se estendesse por 4 anos e 3 meses. Nunca, até então, houvera uma guerra das dimensões da I Guerra.


- O início do conflito foi marcado pelo que conhecemos como “guerra de movimento”, tropas alemãs marcharam pela Bélgica até a França, depois de alguns conflitos iniciais, a guerra de movimento deu lugar para aquilo que conhecemos como “guerra de posições” ou “guerra de trincheiras”. O poder de fogo de ambos os lados era tão forte que os exércitos cavaram trincheiras para defender suas posições. No inverno de 1914/5 760 quilômetros delas haviam sido escavados, partindo do canal da mancha até a fronteira suíça. Em alguns pontos, distanciavam-se apenas de 200, 300 metros uma da outra, em outros chegavam a 14km.


- As consequencias deste tipo de guerra foram aterradoras, lixo, cadáveres, ratos conviviam nas trincheiras com os soldados. Fome, frio, miséria, falta de suprimentos, inanição, desespero, todas essas palavras não expressam o que aqueles soldados sentiram.


- No fim de 1917 a Rússia abandona a guerra. O país passa por uma revolução interna que modifica seu governo, a Rússia se torna socialista. Em contrapartida por sua rendição, cede vários territórios para a Tríplice Aliança. Em 1918, as tropas que se encontravam na Rússia chegam até o front ocidental, conseguem algumas importantes vitórias, entretanto a chegada no mesmo ano do grande efetivo dos Estados Unidos, que entra na Guerra em favor da tríplice aliança, e desequilibra o jogo para seu lado. As vitórias são sucessivas, até quando em 3 Novembro a Áustria sai da guerra e em 9 de Novembro, na Alemanha é declarada a República de Weimar, no dia 11 é assinado o armístico pondo fim definitivo a guerra.


- Em 1918 o presidente Wilson dos Estados Unidos oferece uma proposta de paz. Entretanto sua proposta não é aceita pois não penaliza devidamente a Alemanha segundo os aliados. Em 1919, portanto é assinado o Tratado de Versalhes, esse sim, culpa a Alemanha por dar início a Guerra Mundial, e como penalização entre outras coisas, o país seria impedido de treinar exército com mais de 100mil pessoas, a Alsácia-Lorena seria devolvida a França, as colônias alemãs seriam cedidas à Grã-Bretanha e à França, o país deveria arcar com uma indenização de 269 milhões de marcos-ouro aos governos aliados.


- O Tratado de Versalhes foi humilhante para a Alemanha e injusto. Entretanto, os alemães não tiveram como recusar seus termos, ele fora imposto. As consequencias desse tratado para a Alemanha vão dar motivos para cerca de 15 anos depois, o mundo veja uma nova guerra surgindo, a II Guerra Mundial, que alguns historiadores julgam ser apenas a continuação da I, devido aos termos do Tratado de Versalhes.


- A guerra termina e o mundo tem uma nova super-potência, os Estados Unidos, que saiu da guerra ileso e em franco progresso. A Europa tem sua configuração política totalmente modificada, novos países surgem, outros perdem seus territórios. Mais de 20 milhões de pessoas morrem além daquelas que ficaram com sequelas para o resto da vida.



Europa antes da I Guerra Mundial. Em Rosa a Tríplice Entente em Amarelo a Tríplice Aliança.



Europa após a I Guerra Mundial: novos países




Para quem deseja saber mais a respeito da I Guerra Mundial, recomendo o seguinte site: http://www.terra.com.br/voltaire/mundo/primeira_guerra.htm
Os artigos que estão neste link foram desenvolvidos pelo professor Voltaire, do site educaterra. Sua leitura é bastante agradável fazendo com que o assunto seja facilmente entendido.
No mesmo site o autor ainda disponibiliza incríveis depoimentos de soldados que participaram dos conflitos.


Ainda, para quem gosta, o autor tem um artigo no mesmo site sobre a História das Guerras, ele fala de como as estratégias e armamentos avançam através dos tempos: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/2003/08/22/002.htm


Boas leituras e estudos a todos e todas!


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